Pisa e o ponto de equilíbrio
- Adriano Floriani
- 4 de mai.
- 2 min de leitura
Atualizado: 5 de mai.
Observando admirado a Torre de Pisa pela primeira vez, numa belíssima e agradável tarde de sol do verão italiano, passo a refletir sobre aquele fenômeno físico improvável aplicado às nossas vidas...
Encontrar o exato ponto de equilíbrio das coisas é uma arte, que exige, sem dúvidas, muita experiência e perseverança. A lei da gravidade nos convida permanentemente ao tombo.
Na vida em sociedade, ainda que no sentido figurado, não é diferente. Precisamos de muito jogo de cintura para permanecermos de pé. Basta uma distração para que o erro aconteça. Pode ser uma palavra infeliz, uma opinião furada ou uma escolha equivocada, e o estrago está feito: corpo na lona e nome na lama.
Por outro lado, o que torna a vida interessante é justamente a iminência da queda. É o fato de sair de casa sem saber como, a que horas ou se vai voltar. Como disse o Amyr Klink, em outras palavras, é pelo fato de o barco afundar que a navegação se faz precisa e necessária.
Nem tanto pra lá e nem tanto pra cá, o ponto de equilíbrio não está, necessariamente no meio ou na metade de algo...
As nossas escalas de valores atribuem pesos diferentes para as coisas. O meu ponto de equilíbrio para o que entendo como uma vida saudável, por exemplo, pode soar desequilibrado para outra pessoa que tenha o físico como prioridade, e vice-versa. Não consigo e nem desejo passar 8h do meu dia trabalhando e outras 8h malhando. Até porque tenho outros interesses e desejos, inclusive, o de não fazer nada.
Para o meu equilíbrio mental, necessito que ninguém venha com um programa padrão, nem fórmulas e receitas de sucesso generalizantes e uniformes para me cobrar pelo que supostamente eu deveria estar fazendo e não estou. Não nego a importância do exercício para a saúde. Ao contrário, gosto de esportes e valorizo muito uma vida ativa e saudável. Mas acho que no mundo de hoje tudo é exagerado.
É preciso malhar mais para ter mais saúde para viver mais para consumir mais e poder ser mais feliz. No meu caso, para este círculo virtuoso-consumista funcionar, necessito ganhar mais e trabalhar mais também, o que acaba desequilibrando o resto.
Encontrar o ponto de equilíbrio, no caso da vida de cada um, é algo muito pessoal, mas que sem dúvida também tem demandado cada vez mais a ajuda de profissionais: coachs, personal trainner, terapeuta, analista, médico, nutricionista e por aí vai. Ou seja, é óbvio que apenas bom senso, conhecimento e atitude zen não bastam. No meu caso, já ouvi que estou em negação quanto à necessidade de priorizar exercício. Será? Pode ser...
Precisamos de pontos de apoio na vida, sejam profissionais e, principalmente, afetivos. Os amigos verdadeiros são como as escoras que mantém o equilíbrio da torre milenar. A diferença é que a gente balança, cai e, com ajuda ou sem, consegue se levantar. Quanto tempo ainda a Torre de Pisa aguenta, hein?

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